Luanda - O secretário nacional para organização do partido PRA-JA Servir Angola, Lourenço Kanjanja considera falta de sensibilidade humana, o “silêncio” do Presidente da República, João Lourenço, observado durante os dias da greve dos taxistas, em Luanda, que depois se resvalou para actos de “vandalismo” e “pilhagens”, que forçou a intervenção das forças de defesa e segurança.
Fonte: Club-K.net
O uso da força das autoridades resultou na morte de mais de 20 cidadãos, incluindo um efectivo da Polícia Nacional, actos que não mereceram qualquer pronunciamento do chefe de Estado angolano no decorrer dos protestos, que se registaram nos dias 28, 29 e 30 de Julho, em Luanda, Bengo, Malanje, Huambo e Benguela.
O “silêncio” de João Lourenço foi criticado pelo PRA-JA, na pessoa do secretário para organização, Lourenço Kanjanja, que falando em conferência de imprensa nesta sexta-feira, 1 de Agosto, no lançamento das festividades do sexto aniversário do seu partido, disse ser “prática habitual do Presidente da República”, que segundo o político, “raras são às vezes, que em situações difíceis, imediatamente ouvimos os pronunciamentos do senhor Presidente da República”.
Para Lourenço Kanjanja, o que “muita das vezes acontece é que, questões importantes que tocam a vida do país", João Lourenço "prefere abordar fora do país”.
“Ainda que fosse um único cidadão a morrer, a sensibilidade tem de tocar para imediatamente vir a público e dizer palavras de conforto, mas também traçar linhas orientadoras", disse o “servidor”, acrescentando que “já é uma prática, e isso só revela alguma falta de sensibilidade”, afirmou Lourenço Kanjanja, quando respondia às questões feitas pelo Club-K.
Sobre a greve dos taxistas, Lourenço Kanjanja disse que o PRA-JA Servor Angola acompanha com “atenção e bastante preocupação o contexto político, económico e social que o país vive, fruto de opções políticas e económicas equivocadas e bastante negligente assumidas por aqueles que nos governam”.
Para o PRA-JA, a falta de medidas concretas que garantam condições sociais básicas às populações, que combatam verdadeiramente a pobreza, que acabem com a fome, que retirem o cidadão dos contentores de lixo, que garantam uma assistência sanitária à altura e renovam a esperança do povo é, sem dúvida, na visão do Lourenço Kanjanja, “a causa principal dos últimos acontecimentos em Luanda, Icolo e Bengo, Bengo, Huambo, Benguela e Malanje”.
“Neste sentido, o PRA-JA solidariza-se com a greve dos taxistas, cujo mote foi a reivindicação da subida dos preços do gasóleo, ao mesmo que condena com veemência os actos de vandalismo e destruição do património público e privado que mancham gravemente o espírito e o exercício da cidadania, agrava a já débil situação económica e social do país e retarda a construção da paz e reconciliação nacional”, disse.
Lourenço Kanjanja apelou “ao Governo para, através do diálogo permanente com as forças vivas da sociedade civil, buscar sempre o caminho para a concertação social, evitando com efeito todo clima susceptível de pôr em causa a paz e harmonia social”, finalizou.
João Lourenço condena actos de vandalismo no país
Entretanto, o pronunciamento do Presidente da República, João Lourenço, aconteceu apenas nesta sexta-feira, 1 de Agosto, dois dias depois de todos os acontecimentos, tendo condenado “veementemente os actos de “vandalismo” e “pilhagem” ocorridos no país, e lamentou as mortes e feridos.
“Quem quer que seja que tenha orquestrado e conduzido esta acção criminosa, saiu derrotado e ajudou-nos a todos, ao Executivo e à sociedade, a tomar medidas preventivas e melhores formas de reagir em caso de reincidência, com vista a minimizar os danos sobre as pessoas e o património”, sublinhou.
Segundo João Lourenço o que se verificou desde segunda-feira, 28, foram actos premeditados de destruição de património público e privado, assalto e pilhagem de estabelecimentos comerciais, ameaças e coacção a pacatos cidadãos para não circularem, não se apresentarem ao trabalho mesmo usando meios próprios de locomoção.
“Vinte e três anos depois do fim do conflito armado e no ano em que o país comemora 50 anos da proclamação da sua Independência Nacional, não podemos aceitar nem tolerar mais dor e luto entre os angolanos, “assegurou.
Por isso, João Lourenço condenou veementemente tais actos criminosos, lamentando a perda de vidas humanas.
“Aproveitamos a oportunidade para expressar, no nosso nome e no do Executivo angolano, os nossos mais profundos sentimentos de pesar a todas as famílias enlutadas e votos de rápidas melhoras aos feridos como consequência dos tristes acontecimentos”, vincou.
Apoio às empresas
João Lourenço avançou, igualmente, que o Executivo vai aprovar, na próxima segunda-feira, uma medida de apoio com vista a mais rápida reposição dos estoques e manutenção dos postos de trabalho.
Realçou ainda que os actos mostraram que “a educação dos nossos filhos não está nas plataformas, nem nas redes sociais, que não possuem rostos, mas na família e na escola comprometida com presente e futuro de Angola”.
PRA-JA celebra sexto aniversário
Nesta conferência de imprensa, o secretário nacional para organização anunciou, que a formação política liderada por Abel Chivukuvuku, celebra o sexto aniversário sob o lema: "2019 - 2025, um partido de causas e um futuro em construção para a realização de Angola e dos angolanos".
Lourenço Kanjanja fez saber que as festividades, que decorrem de 2 a 31 deste mês, vão ser marcadas com a realização de palestras, conferências de imprensa, passeatas, contactos com o cidadão, actividades desportivas e recreativas.
O período vai ser igualmente destacado com narrativas sobre o percurso histórico do PRA-JA, a reafirmação do seu compromisso em “servir Angola e os angolanos”, bem como “os princípios e valores do partido, ser um factor determinante na construção de pontes e na aproximação dos extremos. Mas também o nosso firme compromisso sem sermos governo ou parte do governo”.