Luanda - Um jovem desempregado fica à mercê do crime. Em Janeiro de 2024, o professor Laurindo Vieira foi executado por jovens que circulavam numa motorizada. O crime aconteceu à luz do dia, na avenida do Lar do Patriota. Passado. Presente: Helder Dimas Paulino (Dino), mancebo do DIIP da Polícia Nacional, executou um jovem de forma fria e bárbara no último fim de semana. Crescem os crimes violentos. Aumenta a insegurança urbana.
Fonte: Club-k.net
Mente desocupada. Oficina do diabo. Em Luanda, os crimes violentos exigem duas ferramentas: Arma de fogo e motorizada. Dois jovens de boné na carlinga de uma moto assustam toda a gente. Olham sempre por cima do ombro. Pelo retrovisor. O crime vem de motorizada. Ou da arrogância de um jovem polícia. Certeza de impunidade.
Angola vive uma epidemia de armas ilegais. É alimentada por cumplicidade silenciosa. E por políticas que nunca saem do discurso. Comprar uma arma em Luanda é mais fácil do que comprar pão. Armeiros, paióis do Estado e empresas privadas: Todos abastecem o crime. O Estado perdeu o controlo. Há demasiadas armas nas ruas. E demasiados crimes. Criminosos actuam e fogem de motorizada. Evaporam-se no trânsito.
O comandante-geral da Polícia Nacional, Francisco Ribas da Silva, sabe do problema. Foi dado um prazo de nove meses às empresas privadas para substituir armas de guerra por armas legais.Ignoraram. Desprezaram.
Ribas bateu com a mão na mesa: “Funcionários que forem encontrados com armas de guerra serão responsabilizados criminalmente.” Pois é! Boas palavras. Falta cumprir. Apelos decorativos dão em crime.
Já ouvimos este apelo várias vezes. Antecessores: Alfredo Mingas “Panda” e Paulo de Almeida. Ministros do Interior: Roberto Leal Monteiro “Ngongo” e Ângelo Tavares. Todos repetiram a mesma prédica. Todos fizeram o mesmo sermão. Todos produziram o mesmo resultado: Nada. Apelos tornaram-se peças decorativas. Fazem parte do mobiliário político. Dizem-se.
Arquivam-se. Esquecem-se. Pior: O número de armas ilegais cresce. Resultados práticos: Nenhum. Indicadores: Nenhum. Transparência: quase nenhuma. Enquanto isso, jovens circulam armados de motorizada. Espalham medo nos bairros. Cidadãos olham por cima do ombro. Jovens armados. Cidadãos vigilantes.
Cada um por si. Deus por todos. Medo urbano. Muito medo. A vida é um jogo. A sorte, lançada.
O País não sabe o destino do Plano Nacional de Desarmamento da População Civil, de 2008. Nunca mais se falou dele. Em Angola, inicia-se um programa. Não se termina. Repete-se o ritual.
Desperdiça-se dinheiro público. Arquiva-se o resto. O plano tinha um objectivo simples: Recolher e controlar armas ilegais de civis e empresas. Reduzir a circulação de armas. Aumentar a confiança pública.
Criar uma sociedade mais segura. Muito dinheiro.
Muita propaganda. Dezassete anos depois, o comandante-geral volta à praça pública para repetir a mesma cantiga.
A mesma ladainha. A mesma promessa. A mesma ausência de resultados.
O desarmamento tornou-se uma promessa sem prazo de entrega. Vive-se num País de retórica permanente e acção eventual. Promete-se sempre.
Cumpre-se nunca. O Executivo repete apelos.
O crime organizado aperta o cerco. Jovens de boné em motorizadas assombram cidadãos. Espalham medo.
Muitos tiros. Poucas respostas. Muitas mortes.
Muita retórica. Nenhuma política. Muita motorizada. Nenhum Estado. É este o legado que se repete.
Todos os dias. Em plena luz do dia. Na capital angolana.
Última hora: Mbiavanga Fernando, funcionário do ISCED-Luanda, está desaparecido. Telemóvel desligado. Procura-se o seu paradeiro.